MONSENHOR VENDELINO HODOLD

Monsenhor Vendelino Hodold

ZELO PELA CASA DE DEUS

Filho de José Hobold e de Maria Waterkemper, Vendelino nasceu em São Ludgero em sete de outubro de 1917 e foi ordenado presbítero em Florianópolis em 11 de janeiro de 1942. Seu primeiro ano de ministério transcorreu como coadjutor de Orléans e Pedras Grandes. Em 25 de janeiro de 1943 foi nomeado vigário paroquial do Santíssimo Sacramento, em Itajaí, trabalhando com o intrépido e zeloso Pe. José Locks, a quem defendeu e apoiou frente às calúnias impingidas de nazista, quinta-coluna, no quente período da Grande Guerra.

Pe. José tinha iniciado a construção da majestosa igreja matriz, com planta de Simão Gramlich. Deixou-a em ponto de cobertura. Coube a Pe. Vendelino completá-la.

Em 18 de janeiro de 1947 foi nomeado vigário encarregado do Santíssimo Sacramento de Itajaí e de Nossa Senhora da Penha, Penha. No ano seguinte, em nove de fevereiro, era pároco do Santíssimo, marcando a história religiosa e civil da região, que abrangia Itajaí, Navegantes, Piçarras e Penha.

Pe. Vendelino era de estatura alta, presença marcante, sempre bem arrumado, bom pregador, ótimo na linguagem, seguro nas decisões. Um homem talhado para a liderança.

Padre zeloso e bom administrador

De grande tino administrativo e liderança popular, organizou a paróquia dotando-a da estrutura de nova casa paroquial e Centro paroquial. Percebendo novos tempos, construiu salas a serem alugadas para auxiliar na manutenção paroquial, nisso sendo pioneiro.

A obra que o marcou foi a conclusão da igreja matriz do Santíssimo Sacramento, inaugurada em 15 de novembro de 1955. Fez da igreja de pedra um verdadeiro livro de catequese através da lógica dos vitrais, dos afrescos e das capelas laterais. Uma obra pronta que rejeita qualquer acréscimo ou supressão. Tudo nela tem sentido. O povo itajaiense se orgulha desse monumento sagrado que foi obra sua, de suas economias e fé. E da inspiração teológica do agora Monsenhor Vendelino, Aldo Locatelli e Emílio Sessa.

Para dar conta do trabalho de visita às numerosas comunidades, em certo período a paróquia teve três vigários auxiliares: especialmente com os impulsos pastorais do Concílio Vaticano II, a região foi enriquecida com nova visão de Igreja e comunidade. Pe. Vendelino assumiu a reforma litúrgica e pastoral com muito entusiasmo e coerência. Tanto pelo crescimento populacional como pela previsão de crescimento que se revelou verdadeira, Dom Afonso Niehues optou pela criação de quatro paróquias em 1968: Nossa Senhora de Lourdes na Fazenda, São João Batista no bairro São João, São Cristóvão no bairro Cordeiros, São João Bosco no bairro Dom Bosco. E, em 1990, a Paróquia São Vicente de Paulo no bairro São Vicente.

Antes do Concílio, o grande movimento pastoral centrou-se na Liga Jesus, José e Maria com a participação frutuosa de centenas de homens que periodicamente se reuniam com a Liga de outros municípios.

Nas décadas de 50 e 60 a Paróquia do Santíssimo foi estimulada pela Ação Católica, sendo muito ativa a Juventude Operária Católica-JOC, movimento extremamente fecundo para a vida eclesial Com seu método de ver-julgar-agir a Ação Católica deu à vida paroquial homens e mulheres bem formados bíblica e pastoralmente.

A Associação Cristã Feminina (antecedida pelas Damas de Caridade e Conferência de São Vicente de Paulo) foi o braço direito da paróquia em sua ação social e caritativa. A fundação de Praesidia da Legião de Maria estimulou a devoção mariana e a visita às famílias. Para estas, houve a introdução das Equipes de Nossa Senhora-ENS e do Movimento Familiar Cristão-MFC.

Combate em defesa da fé católica

Em 1959 foi editado o Jornal O POPULAR, órgão oficial da Paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí. Circulando às sextas-feiras, tinha como Diretor Côn. Vendelino Hobold e, como Diretor Gerente, Dr. Abílio Ramos. Visceralmente anti-comunista, foi um Jornal dirigido à orientação dos católicos, pois pairava no ar o medo de uma vitória esquerdista. Era típico, no período, o medo do comunismo ateu, especialmente devido a uma consciência maior que as lideranças operárias assumiam a respeito de seus direitos.  O POPULAR deixou de ser editado em 1960.

Mons. Vendelino tinha pavor de comunistas e os caçava onde podia. Deixou escrito em 1960: “São poucos os comunistas em Itajaí. Apesar disso, agem muito e organizadamente. Os mentores são uns funcionários do Banco do Brasil que possuem um pouco mais de cultura. Em dezembro saíram com um jornal próprio: “Tribuna de Itajaí”. O maior trabalho é desenvolvido junto aos sindicatos. Felizmente a quase totalidade de sindicatos está sob a presidência de elementos bons e religiosos que por mais vezes já foram advertidos da infiltração vermelha” (Livro de Tombo II, fls. 79v. e 80).

A mesma energia era utilizada para combater os “crentes”, invasores de sua seara católica. Chegou a arregimentar grupos de católicos para rezarem a Ave-Maria e cantarem hinos marianos enquanto os crentes entoavam os Aleluias. O clima quase redundava em violência.

Corajoso, era obedecido por todos. Mandou prender jovens da elite local que se arriscaram a andar de automóvel diante da Casa paroquial, à noite.

Em 30 de março de 1960, para surpresa e lamento geral, retirou-se de Itajaí, assumindo como pároco de Nossa Senhora da Penha, Penha. O cortejo de carros que o acompanhou, dizem, ia de Itajaí a Penha. Assumiu o bom e santo Pe. Bertolino Schlickmann, homem da oração e da catequese. Para nova surpresa, em 20 de janeiro de 1965 Mons. Vendelino retornou como pároco do Santíssimo Sacramento, Itajaí, sendo acolhido festivamente. Mas, os tempos eram outros e Pe. Bertolino tinha impresso um clima de mais diálogo e afeto na vida paroquial.

O estilo enérgico e autoritário de Monsenhor não era mais aceito, especialmente seus achaques diante do choro de crianças e conversas. Tinha chegado ao fim seu tempo em Itajaí: grande pároco, homem de Deus, consciencioso de suas obrigações, líder nato, mas a sociedade se transformara. Pediu transferência.

O final de um longo ministério

E assim, iniciou nova etapa de seu ministério: a criação da paróquia Santo Antônio, em Campinas, São José. Em 11 de fevereiro de 1970 foi nomeado pároco. Existia ali uma igrejinha de madeira que Monsenhor substituiu pela moderna igreja matriz atual com planta de Ludwig Rau. Equivocou-se num aspecto: achando a planta exagerada, diminuiu-a em um terço, o que se lamenta, pois ficou relativamente pequena. Campinas era uma comunidade nova, formada pelas ótimas famílias católicas emigradas de Urubici, Bom Retiro e de outras comunidades da Serra. Profusão de lideranças para todo o trabalho. Era um aglomerado urbano, hoje é uma cidade rica, viva e progressista.

Deve-se dizer que o trabalho e preocupações elevaram o nível de nervosismo de Monsenhor Vendelino. Não tinha mais paciência para as contrariedades normais da vida paroquial.

Em 1980 fixou residência em Armação da Penha, onde possuía casa. Por um tempo foi pároco de Nossa Senhora da Paz, Piçarras (10 de abril de 1982). Sempre atendeu à Armação.

A saúde e a capacidade mental se deterioraram. A inflação galopante devorou-lhe as economias. Necessitado, encontrou socorro na mão fraterna de padres.

Faleceu no Hospital de Azambuja, em Brusque, em 31 de agosto de 2003, sendo sepultado no cemitério brusquense Jardim da Paz, na área reservada à comunidade de Azambuja. As obras que realizou recordam constantemente sua memória de padre dedicado e fiel.

  1. #1 por Lucinete em 3 de novembro de 2010 - 18:04

    Monsenhor Vendelino Hobold era tio de minha mãe, irmão de meu avô. Fico imensamente feliz e orgulhosa de suas obras e sua caminhada, sabendo que esta pessoa tão nobre foi meu tio avô. Lamento não te-lo conhecido pessoalmente, porém sua história é perpetuada por suas benfeitorias e dedicação ao ministerio escolhido por ele.
    Moro em Manoel Ribas, interior do Paraná e gostaria de parabenizar o autor deste site que possibilitou-me conhecer um pouco mais da vida de Monsenhor Vendelino Hobold…
    Parabéns…

    • #2 por José Hobold em 15 de agosto de 2020 - 14:03

      Luciene, gostaria de saber o nome de seu avô. Estou montando nossa árvore genealógica. Agradeçodesde já

  2. #3 por murilo jose da silva em 29 de janeiro de 2011 - 14:28

    Itajai, sábado, 29 de janeiro. Padre José, eu na época em que trabalhei na delegacia de policia em Penha, lá conheci pessoalmente o Padre Vendelino, mas o conhecíamos pelo nome de “Vandelino”, ele que não está mais entre nós infelizmente. Era uma pessoa bondosa, não tenho outras palavras para defini-lo. Que o Todo Poderoso o tenha num bom lugar, pois ele merece. Pe. José, aproveito este momento, já que ouvi dizer que o senhor está indo embora de itajai, vai para a região de Fpolis, com sinceridade eu sempre gostei das missas que o senhor celebra, transmite sempre singelas palavras, com serenidade, fazendo com que todos saiam tranquilos da missa. Me lembrei de enviar esse comentário, pois temos algo em comum: DIA 03 DE JULHO DE 1976, nesta data o Senhor foi ordenado Sacerdote, e neste mesmo dia eu contraí matrimônio. Desde que soube desta data, eu e minha esposa lembramos sempre do senhor. Desejamos muita paz e saúde nesta nova empreitada, pois a messe é grande. Um abraço. Murilo/Reinate – murilo.pai@bol.com.br

  3. #4 por Marilda Hobold em 1 de agosto de 2016 - 22:28

    Quantas lembranças me vieram a mente ao ler este texto sobre o momonsenhor Vendelino Hobold. Ele era irmão de meu avô (não o conheci) . Minha vovó Cecília falava muito desse cunhado. Coisas boas sempre. Lembro do dia em que ficamos sabendo que havia falecido. Hoje mais feliz por conhecer um pouco mais sobre meus antecedentes. Um abraço.

    • #5 por José Hobold em 15 de agosto de 2020 - 14:08

      Marilda, gostaria de saber o nome de seu avô. Estou montando nossa árvore genealógica. Somos parentes. Desde já agradeço

  4. #6 por José Sergio Hobold em 24 de setembro de 2016 - 08:49

    Monsenhor Vendelino Hobold era irmão de meu avô Adolfo Hobold,lembro de quando ele vinha a Medianeira Paraná, ministrava suas missas era muito legal, um líder espiritual.

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