5. A HUMILDADE

Se praticaste a virtude, recorda-te daquele que disse: Sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5).

Marcos o Asceta,
A lei espiritual 41

Vi pessoas simples tornarem-se verdadeiramente humildes e mais sábias do que os sábios.

Marcos o Asceta,
A lei espiritual 79

Como água e fogo, oposto um do outro, assim se opõem um ao outro a justificação de si  e a humildade.

Marcos o Asceta,
A lei espiritual 125

A humildade não é uma condenação que vem da consciência, mas é o reconhecimento da graça de Deus e da sua compaixão.

Marcos o Asceta, Sobre aqueles que se crêem justificados 111

É própria da estrela a luz que a envolve; próprio do homem que venera e teme a Deus são a simplicidade e a humildade. Não há nenhum outro sinal que faça reconhecer e mostre os discípulos de Cristo como o sentir humilde e o aspecto simples. Por toda parte os quatro evangelhos gritam isso. Quem não é assim, não vive humildemente, não condivide a sorte daquele que se humilhou até a cruz e a morte (cf. Fl 2,8), que deu os divinos evangelhos e os viveu.

HesíquioPresbítero,
A Teódulo 83

Feliz o monge que se considera um lixo para todos.

Nilo o Asceta,
Sobre a oração 123

Definição da humildade: esquecimento incessante das boas obras realizadas.

Diádoco de Foticéia,
Definições 6

A humildade que, por graça de Deus, no tempo oportuno é dada pelo céu àqueles que a procuram após muitas lutas, tristeza e lágrimas, é incomparavelmente mais forte e maior do que a humildade provada pelos que têm a virtude em menor consideração. Os que são tornados dignos de tal humildade são verdadeiramente perfeitos e não são incomodados [pelo mal].

João Cárpato,
Aos monges da Índia 72

Quem ainda não alcançou o divino conhecimento que opera através da caridade se vangloria daquilo que realiza segundo Deus, mas quem foi julgado digno de alcançar esse conhecimento fala de todo o coração as palavras do patriarca Abraão quando foi julgado digno da aparição divina: Eu sou pó e cinza (Gn 18,27).

Máximo o Confessor,
Sobre a caridade 1,47

Humildade e oração contínua com lágrimas e fadiga; na verdade, invocando continuamente a Deus para que venha em socorro, a oração não consente em confiar estupidamente na própria força e sabedoria, nem de erguer-se acima dos outros: estas são doenças graves, próprias da paixão do orgulho.

Máximo o Confessor,
Sobre a caridade 3,87

Não rejeitar por amor próprio esses remédios de salvação para a alma. Não serias discípulo de Cristo, nem imitador de Paulo que diz: Não sou digno de ser chamado apóstolo (1Cor 15,9), e ainda: Eu, que antes era um blasfemador, um pecador, um violento (1Tm 1,13). Vê, ó soberbo, como o santo estava longe de esquecer a vida anterior? Todos os santos, da origem da criação até hoje, se revestiram da última das vestes de Deus. E o próprio Nosso Senhor, apesar de ser Deus além de toda compreensão, conhecimento e linguagem, querendo mostrar o caminho da vida eterna e da santidade, revestiu-se de humildade durante toda a sua vida na carne. A santa humildade, por isso, deve ser chamada de virtude verdadeiramente divina, mandamento do Mestre e sua veste.

Filoteu o Sinaíta,
Capítulos népticos 14

A humildade é gerada pelo conhecimento e o conhecimento é gerado pela tentação. A quem se conhece a si mesmo é dado o conhecimento de tudo. Quem se submete a Deus, submete a si mesmo todo sentir da carne e, depois, tudo lhe será submetido quando a humildade reinará nos seus membros … Aquele a quem as numerosas tentações e as paixões da alma e do corpo fizeram conhecer a própria fraqueza, conhece a potência infinita de Deus e sabe que ele liberta os humildes que o invocam com todo o coração nas fadigas da oração, e que a oração torna-se então, para ele, uma delícia. Sabe que, sem Deus, nada pode fazer (cf. Jo 15,5) e, pelo temor de cair, luta para se apegar a Deus e se maravilha pensando nas tentações das quais Deus o libertou. Dá graças àquele que pode libertá-lo e, na ação de graças, une a humildade e o amor. Não ousa julgar ninguém sabendo que, como Deus veio em seu socorro, pode socorrer todos os seres quando o quiser. É o que diz São Máximo (Sobre a caridade 2,39). Sabe também que se podem combater numerosas paixões e vencer e se considerar fraco; Deus vem logo em socorro, para que sua alma não se perca totalmente.

Pedro Damasceno,
Livro I, vol. III, p. 14-15

A humildade, mãe do discernimento e da clarividência, se reconhece assim: se se é humilde, devem-se possuir todas as virtudes e crer ser mais ainda devedor e estar abaixo de toda criatura.

Pedro Damasceno,
Livro I, vol. III, p. 72

A humildade é coisa sobrenatural. Pode-se dizer que, quanto maior o carisma, tanto mais existem dificuldades. São necessárias muita prudência e paciência frente às tentações e aos demônios que nos atacam. A humildade vence todas as ciladas dos demônios; ela nasce do conhecimento e o conhecimento provém das tentações. Àquele que se conhece a si mesmo é dado o conhecimento de tudo. Àquele que se submete a Deus, tudo lhe está submetido a partir do momento em que a humildade reine em seus membros.

Pedro Damasceno,
Livro I, vol. II, p. 136

O humilde jamais cai; onde pode cair quem está abaixo de tudo, também de si mesmo? E tão grande pequenez é o orgulho, e grande elevação, ao contrário, e dignidade segura é a humildade.

Macário o Egípcio,
Paráfrases 135

Conhece-te a ti mesmo. Esta é a verdadeira humildade, a que ensina a ser humildes interiormente, a que parte o coração, pois é isso que devemos trabalhar e devemos guardar. Mas, se ainda não te conheces, não sabes o que é a humildade, não alcançaste ainda o verdadeiro trabalho e a verdadeira vigilância, pois conhecer a si mesmo é a finalidade da prática das virtudes.

Nicetas Stéthatos,
Capítulos naturais 35

A humildade não vem de um pescoço torto, de uma cabeleira suja ou de uma veste relaxada, grosseira e suada, coisa que a maior parte das pessoas acha que é a virtude; ela vem de um coração contrito e de um espírito humilhado, como disse Davi: Um espírito contrito, um coração contrito e humilhado Deus não desprezará (Sl 50,19).

Nicetas Stéthatos,
Capítulos naturais 24

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