Original em latim escrito por Jacopone da Todi (1220-1306)
De pé, a Mãe dolorosa,
Junto da cruz, lacrimosa,
Via o Filho que pendia.Na sua alma agoniada,
Enterrou-se a dura espada,
De uma antiga profecia.Ò, quão triste e quão aflita,
Entre todas, Mãe bendita
Que só tinha aquele Filho!Quanta angústia não sentia,
Mãe piedosa, quando via
As penas do Filho Teu.Quem não chora
Contemplando a Mãe de Cristo
Num suplício tão enorme ?Quem haverá que resista
Se a Mãe assim se contrista,
Padecendo com Seu Filho?Por culpa de sua gente,
Vira Jesus inocente
Ao flagelo submetido.Vê agora seu amado,
Pelo Pai abandonado,
Entregando Seu espírito.Faz, ó Mãe, fonte de amor!
Que eu sinta o espinho da dor,
Para contigo chorar.Faz arder meu coração
Por Cristo Deus na Paixão,
Para que O possa agradar.Ó Santa Mãe, dá-me isso;
Trazer as chagas de Cristo
Gravadas no coração.Do Teu Filho que por mim,
Entrega-se à morte assim,
Divide as penas comigo.Ó dá-me enquanto viver
Com Cristo compadecer,
Chorando sempre contigo.Junto à cruz eu quero estar,
Quero o meu pranto juntar,
Às lágrimas que derramas.Virgem, que as virgens aclara,
Não sejas comigo avara
Dá-me contigo chorar.Traga em mim do Cristo a morte,
Da Paixão seja consorte
Suas chagas celebrando.Por elas seja eu rasgado,
Pela cruz inebriado
Pelo sangue de Teu Filho.No julgamento consegue
Que às chamas não seja entregue
Quem por Ti é defendido.Quando do mundo eu partir,
Dá-me ó Cristo conseguir,
Por Vossa Mãe a vitória.Quando meu corpo morrer,
Possa a alma merecer
Do Reino Celeste a glória.
Amém.