MONSENHOR FRANCISCO XAVIER TOPP

Organizador da Igreja Catarinense

Mons. Francisco Topp, em desenho de Eduardo Dias

Mons. Francisco Topp, em desenho de Eduardo Dias

Em janeiro de 1890 desembarcava em Nossa Senhora do Desterro Pe. Francisco Xavier Topp, figura ímpar a quem a Igreja catarinense deve o cultivo da memória, pois foi o organizador da da missão católica e da pastoral em terras catarinenses.

A Igreja já existia aqui desde 1538, quando dois franciscanos espanhóis, de passagem para o Rio da Prata, se detiveram em São Francisco do Sul, na Ilha de Santa Catarina e na Laguna para catequizarem os índios carijós, aqui permanecendo por 3 anos. Não fosse a cupidez vicentista por índios para suas fazendas, o Evangelho teria brotado vicejante nestas terras. Seria justo lembrar que foi em Santa Catarina, com Frei Bernardo Armenta e Frei Alonso Lebron que se iniciou o primeiro projeto pastoral de evangelização no Brasil.

Uma pastoral organizada nos moldes como hoje concebemos foi mérito de Pe. Topp.

Filho de Bernhard Joseph Topp e Johanna Rosina Menge, Francisco Xavier Topp nasceu em Warendorf, Alemanha, em 19 de setembro de 1854. Quatro dias após foi levado à pia batismal da igreja paroquial de Warendorf.

Cedo sentiu o chamado de Deus para o ministério sacerdotal. Ao concluir os estudos secundários, dirigiu-se a Eichstätt, onde cursou Filosofia e Teologia.

Em 26 de maio de 1876, na Igreja dos Santos Anjos de Eichstätt, recebeu a Tonsura e as Ordens Menores. Dom Franz Leopold von Leonrod lhe conferiu o Subdiaconato na Capela episcopal em 23 de dezembro de 1876. Na Igreja catedral de Eichstãtt,, Dom Francisco Leopoldo ordenou-o Diácono e Presbítero, em 28 de janeiro e 15 de julho de 1877, respectivamente.

Em outubro do mesmo ano, dirigiu-se em peregrinação ao Túmulo dos Apóstolos, em Roma. Ali solicitou e recebeu uma relí­quia de São Filipe Neri, o apóstolo dos Oratórios e da educação cristã, também conhecido como o “Santo da Alegria”.

Seu primeiro campo de apostolado foi uma Capelania em Vehr, na sua Diocese de Münster. Em 1º de dezembro de 1886 foi nomeado Coadjutor em Quakenbrütt, Diocese de Osnnabrück, acumulando a Capelania de Vehr. No ano seguinte, em 9 de feve­reiro, é Vigário Cooperador em Lüdinghausen.

Ali se delineou a vocação missionária do Pe. Topp. O Jornal diocesano de Münster, “Kirchliche Amtsblatt”, em 1889 publicou uma carta dos colonos de Braço do Norte, Estado de Santa Catarina, no Brasil. Eram imigrantes alemães, de profunda fé católica, espalha­dos pelo Sul catarinense, com insuficiente atendimento pastoral.

Era seu pastor o grande Pe. Guilherme Roer, de Münster. Também ele tinha nascido em Warendorf, em 1821. Vindo a saber do abandono espiritual em que se encontravam os colonos ale­mães em terras catarinenses, deixou a Pátria e veio-lhes em socorro, chegando no Rio de Janeiro em 1860. Logo em seguida dirigiu-se a Vargem do Cedro, fixando residência em Teresópolis, então centro religioso da colonização alemã no Sul.

Indo certa vez visitar um doente no distante Braço do Norte, no retorno explicou aos colonos as boas terras que lá existiam, praticamente não aproveitadas. Convidou-os a emigrarem de Te­resópolis e São Pedro de Alcântara, para lá fundarem uma nova colônia. Assim nasceu o Braço do Norte, novo centro irradiador colonizatório, com a fundação de novos núcleos.

O trabalho, a idade, as distâncias, não permitiam mais ao Pe. Roer oferecer um atendimento satisfatório aos colonos. Ao final de quase 30 anos de intenso e heróico apostolado, cansado e doente, pediu aos colonos que escrevessem a Münster, solicitando a caridade de um sacerdote.

Pe. Topp lê a carta. Pulsa-lhe no coração o entusiasmo pela causa do Evangelho: seu patrono é São Francisco Xavier! Está com 35 anos de idade, em pleno vigor físico e espiritual. Dirige-se a seu Bispo, Dom Johannes Bernhard Brinkmann, e obtém licença de partir para a missão. Embarca para o Brasil em fins de 1889. Chegando ao Rio de Janeiro, sede do Bispado, recebeu as Faculdades de Vigário Missionário. Tendo no sangue e na fé o fervor de São Bonifácio, por mais de três décadas e meia será o grande apóstolo de Santa Catarina.

Formara-se na época das lutas religiosas na Alemanha, na época do Kulturkampf, grande combate à Igreja Católica e suas instituições. Estava preparado para enfrentar o laicismo e o anti­clericalismo da recém-nascida República Brasileira.

A Messe é grande

Em janeiro de 1890 desembarcou no Desterro, Capital de Santa Catarina.

A situação religiosa de Santa Catarina não era das melhores. O Bispo morava no Rio de Janeiro. Escassez geral de Clero. Excetuando-se os Jesuítas das Missões de Florianópolis e Nova Trento, menos de 10. Alguns tinham perdido o interesse pelo apostolado. Usufruíam de empregos públicos e se preocupavam mais com o sustento dos filhos. O Planalto e o litoral estavam abandonados. Também Santa Catarina era vítima da grande crise religiosa que se abatera sobre o Brasil no século XIX. Para o alimento da fé, as tradições religiosas e as Irmandades. Não havia uma efetiva organização eclesiástica para o atendimento dos fiéis e dos sacerdotes. Como contrabalanço, os imigrantes alemães, instalados aqueles em 1829 em São Pedro de Alcântara e os italianos a partir de 1875 em Nova Trento.

Os imigrantes eram portadores do Catolicismo restaurado de Pio IX, fiéis às diretrizes tridentinas no tocante à vivência sacramental e à organização eclesiástica. Já os brasileiros, em virtude de séculos de Padroado (entrega dos negócios eclesiásticos ao Rei de Portugal e, depois, ao Imperador do Brasil), praticamente não tinham sido atingidos pelos Decretos Tridentinos, sendo portadores de um Catolicismo predominantemente me­dieval.

Nesta situação, foi o povo que se encarregou de buscar cami­nhos para alimentar a vida cristã. Os brasileiros encontraram a fonte nas tradições religiosas, nas festas populares, nas Irman­dades, nas devoções. Os imigrantes. nascidos em outro contexto eclesial, solicitaram sacerdotes. Assim estava em Joinville o Pe. Carlos Boegerhausen, em Blumenau o Pe. José Maria Jacobs, em Brusque os Pes. Alberto Gattone e João Fritzen, em Teresó­polis o Pe. Guilherme Röer. Poucos operários para uma grande messe, e logo se percebe que seu trabalho estava voltado para os imigrantes.

Início da obra missionária

A primeira parte dos trabalhos do Pe. Topp aconteceu no Sul do Estado. Foi indescritível a alegria dos colonos do Braço do Norte e do Capivari: recebiam um padre jovem, de caráter vivo e ardente.

Sem o saber, Pe. Francisco Topp iniciava em 1890 a Missão da Diocese de Münster no estrangeiro, Missão que tantos e tão valiosos frutos produzirá na vida religiosa catarinense, para cá enviando bons e virtuosos sacerdotes que marcaram até hoje a fisionomia religiosa e cultural do Estado. Os imigrantes italianos foram atendidos pela Missão da Diocese de Turim. Sem dúvida, fui o primeiro Projeto de Igrejas-Irmãs de que se tem notícia no Brasil. Se a Igreja catarinense foi pioneira deste Projeto em 1975 (com relação à Bahia), Münster e Turim foram pioneiras em relação à Igreja catari­nense no século XIX.

Pe. Topp fixou residência junto à capela de São Ludgero, no vale do Braço do Norte. Mas quase não parava ali. Seu campo de apostolado atinge distâncias de mais de 90 km a partir do centro. Tinha de atender a distantes núcleos habitacionais, visitar doentes, enfrentando a floresta, o índio, perigos de todo tipo. Também toma para si o cuidado dos colonos italianos e poloneses da Colônia Grão Pará, além de todo o Curato de Teresópolis, pois o velho Pe. Guilherme Röer, fraco e doente, se retirara para a Santa Casa de Porto Alegre, onde falecera em 8 de outubro de 1891.

Percebeu que, sozinho, não poderia dar conta do trabalho. Escreveu a Dom Hermann Jakob Dingelstad, novo bispo de Münster pedindo mais sacerdotes. O Jornal da Diocese publicou a carta. Dois sacerdotes, coadjutores da Igreja de São Maurício, de Münster, se prontificaram a viajar para a Missão: Antônio Eising e Francisco Auling. Em 1º de janeiro de 1891 embarcaram no porto de Bremen e, no mês seguinte, após seis semanas de viagem, chegaram ao novo campo de trabalho apostólico.

Dividem entre si a vasta região: Pe. Topp ficaria em Teresópolis, Pe. Auling no Braço do Norte, Pe. Eising no Capivari. Com seu zelo e caridade conquistam a todos: alemães, italianos, polone­ses e até os desconfiados “brasileiros”.

Maior desafio a seu trabalho eram as visitas aos doentes: às vezes eram necessárias viagens de 20 a 24 horas constantes, no lombo de um cavalo. Nenhum queria morrer sem a Confissão e a Unção dos Enfermos.

Nas terras do índio Tubá

Em 1891 chega a notícia de que o Pe. Cipriano Buonacore iria deixar a imensa Paróquia de Tubarão e se retirar para a Itália. À Paróquia de Tubarão estava praticamente anexa outra enorme Paróquia, a de Araranguá, pois seu velho Vigário, Pe. Júlio Carlos de Oliveira, deixara de paroquiar. Ali, com exceção de três, todas as famílias eram brasileiras. Seria um novo desafio aos padres, mais acostumados a tratar com o elemento germânico.

Pe. Topp escreveu ao Bispo do Rio de janeiro, expondo a difícil situação e colocando-se à disposição para o novo serviço. Em 13 de maio de 1891 foi nomeado pároco de Nossa Senhora da Piedade de Tubarão. Mas, como ficaria Teresópolis? E mais, como resolver o problema pastoral do centro e do planalto catarinense?

Neste momento já se delineia a visão pastoral do Pe. Topp, preocupado não só com os imigrantes do Braço do Norte e Teresó­polis, pelos quais deixara a Pátria. Seu zelo pastoral ultrapassava as fronteiras paroquiais: era preciso uma organização pastoral que atendesse a todas as áreas carentes do ministério sacerdotal. Num espaço de 13 anos encontrou a fórmula para preencher os vazios: a vinda de novas Ordens e Congregações religiosas da Alemanha, que depois seriam distribuídas pelo território catarinense. Cumpre notar que Pe. Topp não tem ligação com lugares já assistidos, como Nova Trento, Joinville. Sua alma missionária pulsa pelos desassistidos.

Sabendo que a Província Franciscana de Santa Cruz da Saxônia queria restaurar as antigas Províncias da Imaculada Conceição (sul e sudeste) e de Santo Antônio (norte e nordeste), praticamente inativas pela política anti-religiosa do Império, conseguiu que eles iniciassem por Teresópolis.

Ali chegaram os filhos de São Francisco em 12 de julho de 1891. Teresópolis foi o ponto inicial da restauração da vida franciscana no Brasil. Foi o ponto de partida para as novas fundações francis­canas; de lá sobem para Lages (no planalto) e dali descem para Blumenau (centro), marcando uma vigorosa presença religiosa e pastoral em toda esta abandonada região. Difundir-se-ão por Campos Novos, Curitibanos, Palmas no Paraná, Rodeio, por toda a parte enfrentando o anticlericalismo da República, açulado pela Maço­naria.

Há hoje um certo modo de fazer História que os coloca como opressores frente aos quais reagem as massas populares. É o desejo de afirmar, de modo negativo, o processo de romani­zação do catolicismo catarinense. Mesmo admitindo-se a romani­zação, é mais sensato ver na perseguição aos frades as maqui­nações políticas de quem não tolerava sua influência moral e religiosa sobre o povo.

Grande preocupação constituía-se a educação da juventude e da infância: educação e catequese eram as opções prioritárias do trabalho da Missão de Münster. Em Tubarão, Pe. Topp abre uma escola para os filhos dos brasileiros, sendo ele mesmo um dedicado professor, apesar da dificuldade de ensinar em portu­guês, língua que aprendera após os 30 anos de idade.

A Missão se amplia e consolida

Desejavam os padres (em 1893 tinham chegado em Tubarão Carlos Schmees e Bernardo Freise; Pe. Antônio Eising fora para a Colônia Brusque) Irmãs e professores leigos para as escolas. Chegaram dois leigos de Münster: os professores Atkemeyer e Schumann, que depois se retiraram para Curitiba, sede do novo Bispado, onde exerceram, especialmente o Prof. Schumann, notável influência.

A grande solução o Pe. Topp encontrou em 1894, quando de uma viagem à terra natal: de lá trouxe Irmãs da Congregação da Divina Providencia, fundada em Münster pelo Pe. Eduardo Michaelis. As Irmãs desembarcaram na Ilha de Santa Catarina em abril de 1895. Albina Frehrmann, Oswalda Wegen e Albertina Koller foram encaminhadas para Tubarão, e Ana e Rufina Weier­mann e Paula Emping para Blumenau.

Em 1898, as Irmãs fundaram o Colégio Coração de Jesus, em Florianópolis, a partir da Escola paroquial iniciada pelo Pe. Topp e que lhes cedeu todo o terreno. Depois seguiram para Brusque em 1902, onde auxiliaram o Pe. Eising na “Santa Casa de Misericórdia” em Azambuja e na cidade. Sua expansão foi de enorme importância para a Igreja catarinense: assumiram Colégios e Hospitais, auxiliaram na Cate­quese e na Pastoral, por todo o Estado.

Em 1894 tomou posse o 1º Bispo eleito da Diocese de Curitiba, criada em 1892, Dom José de Camargo Barros. Ficou impressionado com o Pe. Francisco Topp, a quem conhecerá melhor na Visita Pastoral de 1895. Dom José assume sua intuição para a organização eclesiástica e faz dele seu conselheiro e informante. O mesmo se diga de Dom Duarte Leopoldo e Silva, 2º Bispo de Curitiba.

Dom José pediu que o Pe. Auling o ajudasse em Curitiba. Com muito sacrifício, o abnegado sacerdote aceitou o convite de deixar a querida Braço do Norte, onde tanto fizera pela Igreja e pela mocidade. Na capital paranaense, foi nomeado Vigário Geral do Bispado, cargo no qual muito ajudou os alemães de Santa Catarina.

Atraídos pelo convite do Pe. Topp chegaram mais sacerdotes: Antônio Tertilt (1895), Frederico Tombrock (1896), Humberto Ohters (1897), José Sundrup (l899). Sistematizou-se melhor, gra­ças à Missão de Münster, a vida religiosa catarinense: foi preen­chendo as áreas povoadas pela descendência das grandes corren­tes imigratórias. Mas não se fecharam numa pastoral étnica. Os Pes. Eising e José Sundrup, a partir de Brusque assumiram São João Batista, Tijucas, Camboriú, Porto Belo e Itajaí.

Pe. Topp não pára. Em 1903 conseguiu a vinda, da Alemanha, dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, Congregação fundada pelo Pe. León Dehon. grande pioneiro da doutrina social da Igreja.

Um grupo de zelosos missionários, hoje denominados Dehonanos, assumiu mais paróquias. Tendo à frente o Pe. Gabriel Lux, começaram por Florianópolis, com uma Escola paroquial anexa à igreja de São Francisco, junto ao Pe. Topp, depois dirigindo-se para São Miguel, em Biguaçu. Há problemas no início: por um engano, Pe. Topp prometeu-lhes Itajaí, mas, encontraram a oposição do Pe. Ludovico Coccolo, que pediu indenização de 5 “contos” para entregar a Paróquia. Escândalo! A solução encontrada foi confiar-lhes Brusque, pois o Pe. Antônio Eising se retirara para Rodeio, tornando-se exemplar franciscano com o nome de Frei Capistrano. E, em Azambuja, se pediu o sacrifício do Pe. José Sundrup que tem de deixar, com o coração dolorido, sua grande obra: a “Santa Casa de Misericórdia N. Sra. de Azambuja”, um conjunto cuja fundação tomara todas as forças de sua grande alma sacerdotal: hospital, asilo, escola, manicômio.

De 1906 a 1918, Pe. Sundrup foi pároco de São Francisco Xavier de Joinville, onde, a par de notável obra catequética e educativa, teve de amargar todo o furor antigermânico desencadeado pela Grande Guerra de 1914. Preparou a criação da Paróquia de Jaraguá do Sul e do Sagrado Coração de Jesus.

Os Padres do SCJ depois assumiram Corupá e Vargem do Cedro, tendo como guia o Pe. Gabriel Lux, responsável pela consolidação das obras de Azambuja e pela fundação do Seminário em Corupá.

Matriz Catedral de Nossa Senhora do Desterro, quando Mons. Topp ali trabalhou

Matriz Catedral de Nossa Senhora do Desterro, quando Mons. Topp ali trabalhou

Na Ilha de Santa Catarina

Nova surpresa estava reservada ao Pe. Topp: o Pe. João Batista de Oliveira, Vigário de N. Sra. do Desterro, retirara-se para Portugal. Em 27 de fevereiro de 1896, Dom José lhe escreveu pedindo que um dos três sacerdotes de Tubarão (Topp, Schmees, Freise) a assumisse. Topp aceitou o novo desafio. Florianópolis seria a primeira capital brasileira a ter um Vigário alemão. Em 31 de março saiu a Provisão: a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro (atual Catedral) será seu campo de apostolado até 1921.

Pe. Topp sabia, porém, que não seria pouco nem fácil o trabalho: Florianópolis seria apenas do centro de uma vasta área a ser atingida pelo seu devotado ministério. Simultaneamente, assumiu as Paróquias de N. Sra. da Lapa no Ribeirão da Ilha, Santíssima Trindade, N. Sra. da Conceição da Lagoa, São Miguel Arcanjo em Biguaçu e São José. Seis Paróquias em grande abandono. Mas nada o atemorizava: só estava contente se sobrecarregado de trabalho!

Em Florianópolis teve de sofrer o combate de certas elites laicistas e nacionalistas, como veremos depois, mas, sua amizade e diplomacia lhe granjearam a amizade de todos.

Especialmente devota-se às crianças e aos pobres. Fundou Centros catequéticos, escrevendo ele mesmo um Manual de Ins­trução Religiosa, infelizmente perdido. Dois desses Centros mais tarde foram erigidos em paróquias: Agronômica e Saco dos Limões.

Trouxe para Florian6polis as Irmãs da Divina Providência, estimulou a fundação do Colégio Catarinense, dos Padres Jesuítas (1905), fundou o Asilo dos Órfãos e, às próprias expensas, criou o Colégio paroquial Santo Antônio, para a instrução primária.

Além do trabalho pastoral, Pe. Topp empenhou-se na reforma de antigas igrejas, como a atual Catedral e a antiga Matriz de São Miguel Arcanjo. Seu zelo não media esforços para que os católicos retomassem a freqüência da Missa e da Confissão. Con­vida os Franciscanos a pregarem Missões, sendo ele próprio mis­sionário. Não houve local do litoral sul catarinense que não rece­besse sua atenção.

É praticamente impossível imaginar que este sacerdote tenha conseguido enfrentar simultaneamente, e em tão curto espaço de tempo, tantos trabalhos.

Tudo isto lhe granjeia a confiança total do Bispo de Curitiba. Em 11 de abril de 1896, Dom José lhe tinha conferido poderes sobre todo o Clero catarinense e o nomeara informante e conselheiro, como já vimos. O Bispo não faz nenhuma nomeação, não cria ou provisiona ne­nhuma Paróquia, nada permite que se leve adiante sem o parecer do Pe. Francisco Topp: sua retidão moral e sua caridade cristã eram garantia para aconselhar em qualquer decisão. Pe. Topp tinha a seu lado os padres alemães, italianos e brasileiros. Todos o estimavam e respeitavam. Seus dons possibilitaram uma ampla reforma religiosa, sem traumas e sem inimigos.

A criação da Diocese de Florianópolis

Paulatinamente se reorganiza a vida católica catarinense. Havia, contudo, um problema: a Diocese de Curitiba era muito vasta, pois abrangia os Estados dos Paraná e Santa Catarina. Fazia-se urgente a criação de um Bispado em Santa Catarina.

Mons. Francisco Topp nos últimos anos de vida

Mons. Francisco Topp nos últimos anos de vida

Delicadamente, Pe. Topp sugere a idéia a Dom José. O Bispo, ciente da situação, assume-a. Em 28 de fevereiro de 1900, escre­ve-lhe uma carta, encarregando-o de dar os passos necessários, a começar pela formação do Patrimônio do futuro bispado. Incan­sável e entusiasmado, Pe. Topp lança-se ao trabalho. Preside a Comissão nomeada e sai ele, pessoalmente, a angariar esmolas, visitando boa parte das Paróquias catarinenses em forma de Mis­são.

Seu trabalho e a colaboração do clero e povo em geral foi coroado em 17 de março de 1908: com a Bula “Quum Sanctissimus Dominus Noster” o Santo Padre Pio X erigiu a diocese de Florianópolis, abrangendo a área do Estado de Santa Catarina. A Matriz de Nossa Senhora do Desterro foi elevada a Sé Catedral. Primeiro bispo foi Dom João Becker, alemão e do clero gaúcho.

Isto aumentou o trabalho e a responsabilidade de Pe. Topp, o que é comprovado pelos cargos que vai acumulando no decorrer dos anos: de 3 de maio de 1908 a 12 de setembro de 1912 é Secretário Geral do Bispado; de 12 de setembro de 1912 a 7 de setembro de 1914, por vacância do Titular da Diocese, é Governador do Bispado; de 30 de novembro de 1912 a 7 de setembro de 1914 é Vigário Geral e Provisor; de 15 de abril de 1915 a 18 de maio de 1925 é Procurador Geral (Chanceler); de 14 de outubro de 1918 a 18 de maio de 1925 é novamente Vigário Geral; em 31 de maio de 1924 é nomeado Consultor Dioce­sano. Era, por assim dizer, a alma da Diocese. Dom Joaquim Domingues de Oliveira, bispo diocesano desde 1914, mesmo sendo por natureza centralizador e pouco admirador dos padres alemães, não pôde dispensar sua ajuda.

Em tudo isso, neste mar de responsabilidades, não esquecia o povo, que devota especial carinho ao santo pastor: pobres e ricos, crianças e velhos, todos nutrem por ele especial afeto. Criou-se até a expressão: “Dinheiro na mão de Pe. Topp é como manteiga em focinho de cachorro: desaparece”. Ao receber uma doação e, em seguida um pobre batesse à sua porta, o dinheiro era passado adiante, pois, dizia, “ele precisa mais do que eu”. Tal devotamento aos pobres chegou a criar-lhe embaraços financeiros: ocasião hou­ve em que o Bispo precisou chamá-lo à atenção, ainda que com muita dor, pois necessi­tava-se um pouco mais de organização financeira. A abundância de suas esmolas fez com que nem sempre tivesse dinheiro para saldar as dívidas.

Em 1906, Pe. Topp faz uma viagem à Alemanha. Substituiu-o no Desterro Frei Zeno  Walbroehl. Em 27 de janeiro, Dom Duarte Leopoldo escreveu ao Frei que constituísse sem demora o Conse­lho de Fábrica (Conselho Administrativo) da Matriz, antes que o Pe. Topp retornasse: “Creio que é um ato de caridade que lhe fazemos”, diz o Bispo de Curitiba. Estava preocupado com as bondades do vigário, que não olhava o futuro quando tinha um pobre à sua porta.

Apesar desta desorganização financeira, Pe. Topp era de uma organização pastoral e arquivística exemplar. Tudo o que fez ou planejou deixou exarado com sua bela caligrafia em livros muito bem conservados. Copiou antigos livros da Paróquia. Pes­quisou a História da Igreja em Santa Catarina, seus Vigários e acontecimentos principais. Com esta finalidade, publicava belos artigos na Resenha e no Boletim Eclesiástico. Todo o processo de nomeação de Vigários é impecavelmente cuidado, tudo dentro dos prazos canônicos. Graças a Deus, apenas os pobres o deixavam desorganizado!

A autoridade eclesiástica soube valorizar seu trabalho cumu­lando-o de títulos e honrarias: em 1902 recebeu de Leão XIII a Cruz “Pro Ecclesia et Pontífice”. Dom José lhe comunicou a notícia em 17 de maio, agradecendo-lhe todo o bem que fez pela Igreja. Em 21 de outubro de 1908 foi nomeado Cônego Honorário do Cabido Metropolitano de Porto Alegre, em reconhecimento por seus esforços na criação da Diocese de Florianópolis. Em 17 de janeiro de 1912 foi nomeado Monsenhor Camareiro de Honra de S. S. o Papa Pio X e, em 1º de junho de 1915, Monsenhor Prelado Doméstico de S.S. o Papa Bento XV.

Desejo de catequizar os Índios

Pe. Francisco Topp interessou-se pelos índios, desejando ir à floresta catequizá-los, acompanhando expedições de bugreiros. A imigra­ção alemã e italiana trouxera esta nódoa para Santa Catarina.

Eram pobres atacando pobres. Parecia não haver espaço para os dois. Vencia o mais forte. Infelizmente, as expedições de bugreiros foram marcos de crueldade contra os primeiros habitantes do solo catarinense.

Neste intento, Pe. Topp encontrou oposição firme e esclarecida em Dom Duarte Leopoldo e Silva que, em carta de 27 de janeiro de 1905, explicou-lhe os motivos da expedição. Localizei esta carta no Copiador Episcopal do Arquivo Arquidiocesano de Curitiba. Pela sua importância, transcrevo-a na íntegra:

Revmo. Sr. Pe. Francisco Topp

Florianópolis

Com pesar e sofrimento, vi-me forçado a contrariar as suas boas intenções, passando-lhe os dois telegramas datados de on­tem.

Em seu zelo ardente de fazer o bem, V. Revma. não pesou suficientemente as conseqüências funestas de sua intervenção em uma verdadeira caçada de índios, contra a qual não posso deixar de protestar na minha dupla qualidade de Bispo e brasi­leiro.

Como poderia V. Revma. evitar atrocidades em uma expedição que, em si mesma, é uma grave atrocidade? Nem eu posso com­preender como se reclame a presença de um sacerdote para evitar o mal que de antemão se resolveu praticar e que absoluta­mente não se poderá impedir, atentas as circunstâncias?

Como, por que milagre, poderia obstar V. Revma. que os valentes e briosos caçadores não obedecessem à voz do comando ou não se defendessem em uma luta por eles barbaramente provocada?

Não é difícil prever o partido que desta imprudência tirariam os inimigos da Igreja, acusando a V. Revma. de haver chefiado uma carnificina de homens como nós, que como nós têm direito à vida, e por nós devem ser conquistados para a Pátria e para o céu?

Não, meu caro padre. Em nome da Religião, de que sou indigno ministro, em nome da sociedade à qual pertenço, em nome da minha Pátria, protesto contra este singular sistema de catequizar e educar algumas pobres crianças, trucidando cruel­mente os pais como se matam os tigres das florestas, para expor­-lhes os indefesos caboclinhos à admiração pública dos civilizados.

Não, meu padre! Deixando-se matar e não matando foi que os nossos missionários conquistaram os primitivos selvagens para Deus e para a Verdade e para a Sociedade. Sacrificando-se e não sacrificando é que se há de chamar aos sentimentos mais doces os pobres selvagens, habituados a ver nos brancos o seu mais temível inimigo e incansável perseguidor.

Dir-se-á que os selvagens atacam, matam e invadem. É verda­de. Mas assim o fazem em represália, e tão-somente para vingar uma agressão presente ou passada, sem distinguir, infelizmente, por que não o podem fazer, o inocente do pecador. Como, pois, se pretende reprimi-los com uma nova agressão? Lembra-me que em tempos passados foram presos e condenados em Lages alguns assassinos de índios. Há tempos mais próximos, foi também processado em Palmas um outro caçador de bugres.

Como explicar agora uma expedição que se organiza publica­mente, e com grande aparato, para cometer uma ação que as leis do País reputam criminosa em um só indivíduo? Donde evoluiu a nossa civilização, que o crime de ontem seja hoje ação meritória e digna de aplausos? Apesar de longa, não terminarei esta minha carta sem uma última observação: insinua-me V. Revma. que se projeta iniciar o serviço de catequese ainda que de modo tão estranho. . .

Se assim for, não sabendo o pobre selvagem distinguir inimi­gos de amigos entre os atacantes, o padre que entre eles fosse visto seria tido como agressor, e todos os demais que, ao depois, quisessem aproximar-se deles, seriam tidos na mesma conta e repelidos como tais.

Assim, pois, ficaria infalivelmente prejudicada a catequese nestas paragens. E, de modo nenhum, compensaria o bem pre­sente o mal certo e futuro. Quanto melhor seria que se reservasse tanto dinheiro inutilmente despendido, para a organização da Catequese.

Enfim, dentro de poucos dias, talvez, estarão em Florianó­polis mais algumas crianças que serão educadas nos sãos princípios da civilização, mas… o sangue dos pobres pais, vitimados em nome dessa mesma civilização, sobre quem recairá?…

Envio-lhe a minha bênção e subscrevo-me…

+ Duarte

Dom Duarte tinha razão. Chegaram índios a Florianópolis, e o inocente Pe. Topp pegou um para criar: no Batismo deu-lhe o nome solene de Francisco Topp! O índio Francisco Topp chegou a entrar no Seminário e jornais da época noticiaram que iria para Roma, fazer estudos superiores. Não se sabe depois qual foi seu paradeiro final.

Em 15 de fevereiro de 2014, recebi de Mirion Francisco Langaro a seguinte notícia, que esclarece o paradeiro do índio Francisco Topp:

“Meu avô materno chamava-se Francisco Topp, era índio (acreditamos que Guarani) e foi adotado e criado pelo Monsenhor Francisco Topp. Morou muitos anos em Passo Fundo, RS, onde veio a falecer e de sua idade não tenho certeza, mas deve ter sido quarenta ou cinquenta anos. Sua morte foi no ano de 1942. O que conhecemos de sua história é que Monsenhor Topp era o último filho homem da família Topp, e como decidiu pelo sacerdócio, a família acabaria com ele. Adotando o meu avô, deu a ele seu nome de família; que teve quatro filhos com a esposa italiana Rachel Cassiamani Topp, e desses filhos só um homem, que só teve um filho e que morreu solteiro. Portanto, não temos mais a continuidade do sobrenome Topp em seus descendentes. Dos quatro filhos, somente vive a mais nova, Rosália Topp da Silva, morando em Porto Alegre aos noventa e tres anos de idade”.

Dessa notícia depreendo que o “ir para Roma” era, na verdade, ir para o Seminário de São Leopoldo, RS. Desistindo, ficou no Rio Grande, onde constituiu família. A respeito do sobrenome, creio não ser correto, porque Pe. Topp tinha um irmão médico que foi para os Estados Unidos, irmão esse que financiou a compra do terreno do Colégio Coração de Jesus de Florianópolis.

Imprensa, política, incompreensão

Mons. Francisco Topp, em 1905

Mons. Francisco Topp, em 1905

Em 1905, Pe. Topp teve também sua tentação política. Achava que, além das Escolas Católicas, Florianópolis necessitava de um partido católico para arregimentação das forças católicas. A idéia não foi sua, mas do Pe. João Batista Peters e do Dr. Hercílio Luz. Fundariam o Partido Católico e fariam do jornal A VERDADE o  porta-voz desta corrente. Finalidade básica do Partido seria a luta pela mudança das leis republicanas que marginalizavam a Igreja da vida pública.

Dom Duarte imediatamente se opôs. Em 1º de fevereiro de 1905, escreveu longa carta ao Dr. Hercílio Luz dando-lhe os motivos de sua oposição. Num trecho se lê:

Bem que a situação política do Estado de Santa Catarina constitua no pensar de V. Exa. um terreno habilmente preparado para a arregimentação dos católicos em um Partido mais ou menos político, com um programa mais ou menos religioso. Não a vejo, contudo, bastante luminosa para dissipar-me com tanto os seus fundados escrúpulos.

(Copiador Episcopal, Arquidiocese de Curitiba).

Pe. Peters ainda insistia. Dom Duarte, não o convencendo com argumentos, convence-o com o susto: “V. Revma. trabalhará por conta própria, ou em nome individual, sem nenhum direito de dirigir-se como padre católico aos padres e aos católicos de minha Diocese: trabalhará sem as bênçãos do seu Bispo, do seu pai e amigo” (Carta de 1º de novembro de 1905 – Copiador Episcopal). A história termi­nou por aqui mesmo.

O período de 1911-1918 foi de grande sofrimento para Pe. Topp e outros padres alemães. A imprensa e certas elites laicistas e liberais aproveitaram a ocasião da Primeira Guerra para atacá-los e, especialmente, desmoralizá-los. Ana Maria Martins Coelho Correia, em uma Dissertação apresentada na Universidade Federal de Santa Cata­rina em 1988, estudou o problema a partir da análise do jornal O CLARÃO, publicado de 20 de agosto de 1911 a fevereiro de 1918. Sua linha editorial se queria independente, mas basicamente transpirava preconceitos anticlericais de origem maçônica. Era o Jornal da Maçonaria.

Os padres alemães, especialmente Pe. Topp, são suas vítimas preteridas. Enxergavam em sua atuação uma estratégia para apoderar-se do Brasil, começando pela germanização das escolas e das igrejas. Tinham um prato cheio para seus ataques: Pe. Topp, os padres Jesuítas, os Frades Franciscanos, o Pe. Dr. Jacob Slater de Tijucas, o Pe. José Sundrupp de Joinville. As acusações eram tão violentas e sarcásticas que perdiam credibilidade. São todos alcunhados de “jesuitada e fradalhada alemã”. Pe. Topp recebe o irônico apelido de “Mons. Tipp Topp”.

Pontos de combate: as escolas católicas, o confessionário, os sermões, que “levam à imoralidade, à ignorància, à desnaciona­lização”. Alguns exemplos:

A Igreja e a Escola

Donde vens tu, mulher, como a desgraça, esquálida?
Que precoce velhice em tua fronte alveja?
Quem és tu? De onde vens, ó mísera tão pálida?
Eu sou a ignorância e venho duma Igreja!
 (O CLARÃO,  6/7/1913).

E esta paródia cruel de um sermão do Pe. Topp sobre a confissão:

Que perriga faz!
que perriga pode haver resultar
para a moça ou muer casada
está sozinha no confessionária
com um santo frade ou jesuíta como nós?
Nenhum!.

Si colocamos sempre o nome de Jesus Cristo,
as palavras que proferimos no sagrada confessionária,
como porr exemplo:

Amo-te em Jesus Cristo;
à noite sonheti contigo em Jesus Cristo;
são palavras sagradas ensinadas pela nossa Santa religion
que non ofende o pudor porque amar o ”frade”
que faz as vezes de Crristo na terra,
é amar o Crristo, e porr isso não é amour “desonesto”
como o amorr empregado a um “profano”

(O CLA­RÃO, 20/8/1913).

Foram tempos difíceis, vencidos com o sofrimento e o silêncio. O povo estava do outro lado, do lado dos padres e frades. Talvez esse o principal motivo de tanto ódio: o despeito. No fundo, era a luta pela influência na sociedade. Os regimes liberais inicialmente não olhavam com bons olhos os concorrentes no meio social, incapazes que eram de influenciá-los.

Na Luz perpétua

Pe. Topp realizara grande missão. A Igreja catarinense estava organizada. Era Diocese. As paróquias estavam providas de sacer­dotes. Grande rede de Escolas Paroquiais atendiam às crianças católicas. Surgiam vocações. A vida religiosa se desenvolvia.

Em 1921, deixou o Curato da Catedral. Em 18 de maio de 1925, não é mais Vigário Geral. Em sua casa, velho, doente, pobre, quase cego, preparava-se para o encontro com o Pai. Sete meses depois, a 25 de dezembro de 1925, entregou a alma a Deus. Dia de Natal!

As cerimônias de seu sepultamento foram apoteóticas: os cro­nistas da época afirmaram que jamais a Capital presenciara tamanha concentração de público. Eram os pobres, maioria da população, que foram despedir-se de seu benfeitor. Monsenhor Topp termi­nara seus 35 anos de trabalho apostólico em Santa Catarina. A Igreja catarinense testemunhava um novo dinamismo.

Duas palavras podem resumir esta grande vida: “O zelo pela tua casa me consome” (Jo 2, 17; Sl 69,10); e “Tudo o que fizestes ao menor de meus irmãos, é a mim que o fizestes” (Mt 25,40).

Seu epitáfio é um retrato de sua vida: “Passou pela vida fazendo o bem” (cf. At 10,38). Está sepultado no Cemitério da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, na Prainha, em Florianópolis.

Nota

As pesquisas foram realizadas no Arquivo Histórico Eclesiástico de Santa Catarina, na Cúria Metropolitana de Florianópolis; no Arquivo da Arquidiocese de Curitiba, naquela Capital; e no Arquivo Público de Santa Catarina, em Florianópolis.

O presente artigo foi publicado em:

  1. Monsenhor Francisco Xavier Topp. ENCONTROS TEOLÓGICOS, Itesc, FLORIANÓPOLIS, Ano 5, nº 2, 1990.
  2. Monsignore Francisco Xavier Topp (1854-1925)  Missionar und Organisator der Kirche im Bundesstaat Santa Catarina/Brasilien. WARENDORFER SCHRIFTEN, Band 21-24, 1991-1994, Warendorf, Alemanha, 1993.
  3. Monsenhor Francisco Topp – o idealizador da Igreja catarinense – VIDA FRANCISCANA, ano XLIX, nº 66, dezembro de 1992.
  1. #1 por Petra Karen Centgraf em 27 de setembro de 2010 - 05:30

    Prezados Senhores e senhoras,
    Estou fazendo uma pesquisa sobre a estadia do Pe. Antonio Tertilt no Brasil. Gostaria de saber em que lugares o padre esteve no Brasil.
    Agradecç desde já pela pronta resposta e despeço-me, atenciosamente,
    Petra Karen Centgraf

  2. #2 por Pe. José Artulino Besen em 30 de setembro de 2010 - 18:39

    MONSENHOR ANTÔNIO TERTILT

    Nasceu em Everswinkel, Alemanha, em 1872.
    Da diocese de Münster, chegou ao Brasil em 1895.
    1895 – Vigário cooperador da Paróquia N. Sra. da Piedade, Tubarão-SC.
    04 de outubro de 1902 – Vigário cooperador da Paróquia N. Sra. do Desterro, Florianópolis-SC e anexas da Ilha de Santa Catarina.
    25 de março de 1904 – Vigário cooperador da Paróquia São Ludgero, São Ludgero-SC.
    1905 – Retorno à Alemanha.
    Foi Vigário em Gronau. Em 1935 era Reitor do Seminário para Estrangeiros, em Münster.

  3. #3 por Mirion Francisco Langaro em 15 de fevereiro de 2014 - 19:48

    Meu avô materno chamava-se Francisco Topp, era índio (acreditamos que Guarani) e foi adotado e criado pelo Monsenhor Francisco Topp. Morou muitos anos em Passo Fundo, RS, onde veio a falecer e sua idade não tenho certeza, mas deve ter sido quarenta ou cincoenta anos. Sua morte foi no ano de 1942.
    O que conhecemos de sua história é que Monsenhor Topp era o último filho homem da família Topp, e como decidiu pelo sacerdócio, a família acabaria com êle. Adotando o meu avô, deu a êle seu nome de família, que teve quatro filhos com a esposa italiana Rachel Cassiamani Topp, e desses filhos só um homem, que só teve um filho único e que morreu solteiro. Portanto, não temos mais a continuidade do sobrenome Topp em seus descendentes. Dos quatro filhos, somente vive a mais nova, Rosália Topp da Silva, morando em Porto Alegre aos noventa e tres anos de idade.

    • #4 por José Artulino Besen em 19 de fevereiro de 2015 - 10:02

      Mirion, somente hoje dei com sua mensagem de fevereiro passado. Fiquei, literalmente, emocionado. Falava-se tanto desse filho de Pe. Topp, que foi estudar em Roma, mas não havia prova. E agora, sua existência confirma a notícia. Muito obrigado. Por acaso o senhor tem alguma foto de Francisco Topp? Ou sua e de seu pai e mãe? Fico muito grato. Com relação ao sobrenome: Pe. Topp tinha um irmão médico que foi trabalhar nos Estados Unidos.
      No aguardo de sua preciosa colaboração,
      Pe. José Besen

  4. #5 por Piero Brunello em 8 de julho de 2015 - 04:05

    Muito interessante a carta de mons. Duarte. Mas os dois telegramas dos quais o bispo fala que diziam? Obrigado pela atenção, Piero Brunello

  5. #6 por Romulo Cézar Pizzolatti em 16 de novembro de 2020 - 12:14

    Padre Besen, boa tarde.

    Sou orleanense e meus avós maternos eram alemães (sobrenome: Schambeck). Como interesso-me muito por genealogia, escrevi um pequeno livro sobre eles, mas estou em constante pesquisa por não saber como e quando os Schambeck vieram para Orleans.
    Ontem ao acessar o site de Familysearch consegui um documento de registro de casamento no dia 26 de julho de 1894 do médico Dr. João (provavelmente Johann) Topp (40 anos) com a senhorita Hedwig Brandl (19 anos), filha de Ignacio Brandl e Thereza Brandl (minha avó, nascida Schambeck).
    Hoje lembrei-me de pesquisar sobre Monsenhor Topp, nome este que tenho na memória desde quando estudei em Florianópolis. Para minha surpresa deparei-me com a biografia escrita por vós sobre o Monsenhor. Mais ainda, na descrição dos pais do Dr. João Topp, consta: Bernardo Topp e Rosina Topp, coincidindo de maneira sucinta, com os pais de Monsenhor Francisco Topp.
    Nos documentos que tenho, inclusive no atestado de óbito de minha avó, consta que deixava uma filha de nome Hedwig. Nada mais. Nunca se soube de seu paradeiro. No entanto, no vosso artigo, o irmão médico de Monsenhor Francisco Topp foi para os Estados Unidos. Concluo, portanto, que Hedwig deva ter emigrado com ele e nunca mais se soube dela.
    Se por ventura o Pe. souber de algo mais sobre eles, gostaria de receber as informações.
    Muito obrigado pela vossa atenção.

    Romulo C. Pizzolatti
    e-mail: rpizzolatti@engeplus.com.br
    Celular: (48) 9 9978-1139

  6. #7 por Romulo em 29 de dezembro de 2020 - 22:22

    Pelo site do MyHeritage, consegui os seguintes dados:

    Nome: Hedwig Topp (nascida Brandl)
    Nome após casamento: Topp
    Gênero: Feminino
    Nascimento: 13 de out de 1874
    Regensburg, Regierungsbezirk Oberpfalz, Bavaria, Deutschland
    Morte: 5 de mar de 1943
    Esposo: Johannes Topp
    Filhos: Otto Topp. Nasceu em Indaial – SC no dia 14/09/1900. Morte em Dormagen – Alemanha em 13/11/1985
    Elisabeth Topp. Nasceu em 24/11/1895 e morreu em 22/04/1956
    Johannes Bernhard Topp. Nasceu em 15/11/1896 e morreu em 23/04/1990.
    Dr. Ottilie Anna Gertrud Maatz (nascida Topp) Nasceu em Tubarão-SC no dia 26/07/1897. Morte em 09/04/1919 em Dusseldorf – Alemanha.
    Arnold Wilhelm Topp. Nasceu em 1904 e morreu em 1918.
    Hilde Topp, Nasceu em Amern – Alemanha
    Hedwig Topp. Nasceu em São José – SC no dia 18/03/1898. Morte em 31/08/1969 em Neuss – Alemanha.

  7. #8 por Luís César Nunes em 9 de dezembro de 2022 - 00:48

    Um excelente texto e um resgate histórico.

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