PADRE ANTÔNIO LUIZ DIAS

Vigário e médico

Pe. Antônio Luiz Dias - 1948

Pe. Antônio Luiz Dias - 1948

Antônio Luiz nasceu em Vila del Rei, Portugal, em 10 de fevereiro de 1883, filho de Joaquim Luiz Dias e de Maria Joaquina Dias. Foi ordenado presbítero da diocese de Portalegre (a partir de 1956 Portalegre-Castelo Branco) em 1º de novembro de 1910.

Chegou ao Brasil pelo “Itatinga” em 3 de março de 1912.

O motivo da sua vinda – e de outros padres – para o Brasil, é ligado à proclamação da República portuguesa em 1910 e ao Decreto de 20 de abril de 1911 que separou a Igreja do Estado, mas em condições infamantes para a Igreja católica, seus ministros e patrimônio. Os republicanos portugueses pretenderam banir o Catolicismo da história pátria. Os padres jesuítas, como no século XVIII, foram banidos do território português e das colônias.

Um razoável número de bons padres escolheu o caminho da missão: na então diocese de Florianópolis citamos o Pe. Antônio e Pe. João Antônio Fidalgo. Pelos mesmos motivos veio para o Rio Grande o Pe. Manuel Gómez González, mártir, beatificado em 21 de outubro de 2007.

Chegando ao Brasil acompanhado de um sobrinho, Pe. Antônio nunca perdeu o carregado sotaque português, muitas vezes sendo mais fácil compreender o tosco linguajar dos padres italianos e alemães do que o modo dele se expressar.

Sempre mostrou-se pastor zeloso, preocupado com a situação tanto material como espiritual dos fiéis que lhe foram confiados.

Jovem nos seus 29 anos, em 1912 foi vigário paroquial de Santo Antônio dos Anjos de Laguna e, no ano seguinte, de São Ludgero e  Araranguá.

A paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens de Araranguá foi sua seara de 1914 a 1939. Era uma enorme paróquia, com muitas comunidades se formando a partir da chegada de imigrantes. Atento, ajudou na fundação de diversas comunidades religiosas, erguendo e abençoando capelas, hoje paróquias e sedes municipais na micro-região de Araranguá. O entusiasmo religioso dos colonos foi-lhe de grande valia: bastava apoiar que surgia uma capela e escola paroquial.

Pe. Antônio Dias era conhecido por um contraste: grande caridade para os pobres e grande apetite para arranjar dinheiro. Tinha sangue de empresário correndo nas veias. Foi sócio-proprietário da Usina Elétrica de Araranguá, que até 1928 abastecia também Criciúma. Com o capital ali adquirido, em Camboriú foi sócio de Pedro Sauth na Fábrica de Cal e Marmoraria. Atribui-se-lhe a descoberta do mármore em terra catarinense.

De 16 de fevereiro de 1939 a 19 de janeiro de 1949, foi pároco do Divino Espírito Santo em Camboriú.

O incansável entusiasmo pastoral fê-lo faz percorrer de carro-de-mola ou em montaria as distantes comunidades que constituíam Camboriú e Porto Belo.

Era chamado de “pai dos pobres”; entendia muito de medicina – alguns comentavam que era médico – tratava os doentes e hospedava em sua casa os que vinham do interior, chegando a realizar pequenas cirurgias. A casa paroquial (a mesma de hoje) funcionava como verdadeiro hospital, com internações e tudo. Pe. Antônio Dias nunca cobrava nada, nem pelos medicamentos e receitas, nem pelo sustento dos internados em sua casa.

Evidente que esse trabalho trouxe-lhe sofrimento tanto nas searas eclesiásticas como nas políticas. Numa época em que o padre mal olhava um mulher, examinar o corpo feminino, tocar-lhe as partes doentes, fazer curativos, massagens dava ocasião a muitas críticas – beirando a calúnia – especialmente dos pudicos padres alemães. Nada disso atemorizou Pe. Antônio, que prosseguiu em sua generosa e competente missão de pastor e médico.

Seu trabalho sanitário algumas vezes negou-lhe um tempo maior para a catequese. Apesar disso, de sua atividade empresarial na Fábrica de Cal e Marmoraria, formou a alma católica do povo de Camboriú, à época bastante pobre.

Em 19 de janeiro de 1949, cansado e doente deixou o paroquiato, fixando residência em Camboriú.

Faleceu no Hospital Santa Beatriz de Itajaí em 29 de maio de 1949, estando sepultado em Camboriú. O povo guarda dele piedosa lembrança: pai dos pobres, médico dos pobres.

  1. #1 por Eder Mattos em 7 de outubro de 2011 - 15:20

    Estudo a vida deste Padre. Feliz daquele que por ele foi tocado e abençoado. Sua existencia foi um marco na história da Igreja católica. Sou proprietário de um imóvel em Ararangua que foi de Pe. Antonio. Erança de sua familia de Portugal. Estou fazendo um memorial da vida dele e concluindo um livro sobre a vida dele. Algo muito forte me tocou a 10 anos, pois coincidencias sequentes me levaram a buscar e me aprufundar na história de sua vida. Para mim é o Pe. peregrinador, que montado em uma mula atendia os rincões do grande Ararangua em meio as matas sempre aos olheres de Deus. Deslocava-se diariamente para as comunidades com distancia de 60 km, litoral e costa de serras. Sua palavra forte e dedicaçao deixou na lembrança de muitos que por ele tocado como religioso e médico. Abençoado Pe. Antonio olhei por nós.

  2. #2 por José Artulino Besen em 8 de outubro de 2011 - 07:44

    Eder,
    fico muito feliz por seu trabalho. Não esqueça de comunicar quando tiver completado.
    E me enriqueço com suas linhas, que traçam com amor a figura do Pe. Antônio.
    Pe. José

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