CÔNEGO RODOLFO MACHADO

Cônego Rodolfo Pereira Machado

Cônego Rodolfo Machado – Pai Espiritual de Biguaçu

Rodolfo Pereira Machado nasceu em Canasvieiras, Ilha de SC, em 13 de novembro de 1908, filho de Antônio Pereira Machado e Leonilda Januária Pereira. Caçula de oito irmãos, pais lavradores e pescadores, passou a infância em Cacupé e Santo Antônio de Lisboa, residindo com seu irmão Antônio, professor local.

Quando o Pe. João Casale, vigário de Ilha, perguntou-lhe “Você quer ser padre?”, a resposta foi imediata “Quero”. Estava com 16 anos e foi morar na Catedral, com o Pe. Jaime de Barros Câmara. Em 1926 Dom Joaquim o encaminhou para o Seminário da Conceição, em São Leopoldo, RS. Não se dando bem com o clima, cursou filosofia e teologia no Seminário Maior de Mariana, MG (1931-1936). Foi ordenado presbítero em Itajaí em seis de janeiro de 1937.

Nos primeiros anos exerceu o ministério em diversas paróquias: coadjutor em Orleães (1937), em São Pedro de Alcântara (1938), onde foi pároco (1939-1940), coadjutor em Itajaí e Penha (1941-1942).

Em 04 de fevereiro de 1943 assumiu como pároco em São João Evangelista de Biguaçu, comunidade pela qual deu a vida e donde nunca saiu. Seu nome se confunde com a Igreja em Biguaçu: poucas vezes uma personalidade original, como ele, bem humorada, direta na linguagem foi tão adequada a um povo. Biguaçu era uma paróquia muito pobre, incluía os Ganchos (Gov. Celso Ramos) e, a partir de 1950, Antônio Carlos. Em 1950 recebeu um coadjutor com residência em Antônio Carlos, encarregado de preparar a futura paróquia (1958).

Tudo foi meio de transporte: a pé e a cavalo, de carro de boi, carroça, aranha, bicicleta, moto, jeep, camionete, baleeira. Precavido, emplacou a carroça, tendo assim a profissão de carroceiro para contribuir com a Previdência e se aposentar.

Em 1950 deu início à construção da nova matriz, inaugurada em 1954.

Pe. Rodolfo era entusiasmado promotor vocacional, acolhedor dos seminaristas na casa paroquial. Teve a felicidade de ver ordenados presbíteros três paroquianos: Pedro Martendal, Norberto Debortoli e João Elias Antero.

Líder religioso e comunitário

Tinha opção político-partidária: a UDN. Participava dos comícios também dos “adversários” do PSD, desmentindo ao vivo as promessas que faziam e colocando-os em maus lençóis, pois eram amigos. Isso não era levado em conta quando do interesse comunitário: acompanhava as autoridades de Biguaçu aos Palácios. Seu adversário era o maior e mais fiel amigo: o Dr. Lauro Locks.

Organizou e fundou a primeira Associação Rural de Biguaçu, sendo o primeiro presidente. Conseguiu um trator de esteira para preparar o terreno para o plantio de arroz. Os colonos pagavam o trabalho entregando sementes, inaugurando o sistema de troca-troca.

Fundou a Ação Social São João Evangelista. Pleiteou, com Jorge Lacerda, um mini-hospital, mas conseguiu a criação de um Posto de Saúde. Empenhou-se pela água encanada na cidade e pela fundação do Colégio Estadual. Fundou o Jardim de Infância Chapeuzinho Vermelho, o primeiro de Biguaçu. Construiu residência para as Irmãs do Instituto Serviam.

Em 1964, Dr. Lauro Locks, Secretário da Educação, nomeou-o Lente Catedrático de Música no Colégio Estadual de Biguaçu. Deixou de dar aulas em 1978, compulsoriamente, por idade.

Paulina Brüning

Paulina Brüning foi a grande amiga e auxiliar de Pe. Rodolfo. Tinha-a conhecido em sua passagem por São Pedro, onde trabalhava desde 1930 a convite do Pe. Nicolau Schaan. Nascida em São Ludgero também em 1908, veio para Biguaçu em 1943. Era catequista, organista, coralista, secretária, intérprete, animadora, cerimoniária, doméstica, mãe dos pobres. Nos primeiros anos partilhou da pobreza em que se vivia na casa paroquial. Sem Pe. Rodolfo saber, saía a vender verduras para ter dinheiro para comprar outros gêneros alimentícios. Pe. Rodolfo não controlava o dinheiro, que entrava escassamente. Dava-o aos pobres, e Paulina também. Na velhice, partilhou com Cônego Rodolfo o carregar a cruz: em dois quartos, dois leitos guardavam dois doentes, um rezando pelo outro e pelo povo.

Paulina faleceu em 14 de junho de 1994. Cônego Rodolfo em 21 de março de 2001. Tinha deixado o ofício de pároco em janeiro de 1976. Residindo na terra que adotara com sua, foi confessor, orientador, conselheiro, exemplo de vida no longo sofrimento. A celebração diária da Missa o alimentava e a tantos que com ele conheceram um modo humilde, pobre e generoso de viver a fé cristã e o sacerdócio.

(Obs.:há um livreto muito bom sobre o biografado:  Joaquim Gonçalves do Santos. Cônego Rodolfo Machado. Biguaçu, 1997).

  1. #1 por Rafael Guedes em 26 de fevereiro de 2010 - 18:34

    Boa tarde padre,

    O senhor tem mais fotos dele? Estamos comemorando as bodas de Ouro dos meus avós e queremos colocar alguma foto dele num video que irá passar na festa, pois foi ele quem os casou. Obrigado.

  2. #2 por joao de amorim em 23 de julho de 2012 - 21:17

    Tive a honra de ter sido aluno do Pe. Rodolfo, em 1974 no colégio Maria da Gloria em Biguaçu, e também fui Aluno do Pe. José Artulino Besen em Antonio Carlos em 1972. Naqueles Tempos ainda se tinha bons hábitos nas escolas onde a Religião era ministrada nos bons colégios e por exelentes educadores, principalmente Padres.

    • #3 por Pe. José Artulino Besen em 24 de julho de 2012 - 09:56

      João, cada época tem seus problemas e soluções. O período a que você se refere, recordo-o bem, foi marcado pela contínua presença de Deus e pelo respeito aos professores. Era muito bom, e pode/deve retornar.

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